segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Cultura Mundial perde Páez Vilaró

Fico triste com a notícia, pouco evidenciada pelas mídias brasileiras, de que o artista uruguaio Carlos Páz Vilaró fez sua passagem ontem. Veja aqui.
Tive a oportunidade de conhecer algumas de suas obras na genial Casapueblo, em Punta Del Este, no Uruguai, em companhia de minha mãe. Foi um passeio incrível onde pude perceber a magnitude e a pluralidade de um artista que transcende fronteiras.
90 anos foram pouco para a diversidade do legado artístico e cultura que deixou.








Adiós Vilaró! Que tenha a paz merecida refletida em suas obras.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Triste constatação

A Argentina, definitivamente, é um país que me encanta e me surpreende sempre positivamente, especialmente nos campos da literatura e das artes.
Quino, considerado por muitos como o melhor cartunista do mundo, é o criador da personagem de quadrinhos Mafalda. Em uma de suas críticas bem humoradas, Quino conseguiu traduzir a triste constatação dos tempos modernos.
Vale meus parabéns e nossa reflexão....










É a crítica mais consistente sobre educação infantil que vi nos últimos anos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Problema dos 17 Camelos

Conta o conto que um homem, que tinha 17 camelos, morreu.
Quando o testamento foi aberto, dizia que: metade dos camelos ficaria para o filho mais velho, um terço para o segundo e um nono para o terceiro.

O que fazer?

Eram dezessete camelos: como dar a metade ao mais velho?
Um dos animais deveria ser cortado ao meio?
Tal não iria resolver, porque um terço deveria ser dado ao segundo filho.
E a nona parte ao terceiro.

É claro que os filhos correram em busca do homem mais erudito da cidade, o estudioso, o matemático.
Ele raciocinou muito e não conseguiu encontrar a solução.

Então alguém sugeriu: "É melhor procurarem alguém que saiba de camelos, não de matemática".

Procuraram assim o Sheik, homem bastante idoso e inculto, mas com muito saber de experiência feito.
Contaram-lhe o problema.
O velho riu e disse:
"É muito simples, não se preocupem".
Emprestou um dos seus camelos - eram agora 18 - e depois fez a divisão. Nove foram dados ao primeiro filho, que ficou satisfeito.
Ao segundo coube a terça parte - seis camelos - e ao terceiro filho foram dados dois camelos - a nona parte.
Sobrou um camelo: o que foi emprestado.

O velho pegou seu camelo de volta e disse: "Agora podem ir".

Esta história foi contada no livro "Palavras de Fogo", de Rajneesh, e serve para ilustrar a diferença entre a sabedoria e a erudição.
A cultura é abstrata, a sabedoria é terrena: a erudição são palavras e a sabedoria é experiência".

17 + 1 = 18
1º filho: 18 / 2 = 9
2º filho: 18 / 3 = 6
3º filho: 18 / 9 = 2
9 + 6 + 2 = 17 camelos
(está cumprido o testamento)
18 - 17 = 1
sobrou 1 camelo que foi entregue de volta ao seu proprietário.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Todo filho é pai da morte de seu pai!

Esse é um texto atribuído à Fabrício Carpinejar. Independente da autoria é um texto que nos traz uma boa reflexão...

"Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia".

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
Todo filho é pai da morte de seu pai. Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta. E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais. Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.
Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões. pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus. Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
- Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrando:
- Estou aqui, estou aqui, pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.


Fonte: Enviado por e-mail por Dotye Maciel.