quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Patativa do Assaré

Tenho lido muitas coisas desse nordeste maravilhoso e que me encanta aos cantos. A poesia de cordel é um retrato da aula de cultura que sou brindado desde que aqui cheguei.
Patativa do Assaré é um poeta do sertão, nascido no Cariri do Ceará. Ele mesmo chamava sua arte de "poesia matuta".

"Só canto o buliço
da vida apertada,
da lida pesada
das roças ou dos eito. 

E as vez recordando
a feliz mocidade,
canto uma sodade
que mora em meu peito".

Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou.
Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
Certa vez, aos 91 anos, lhe perguntaram se ele sentia medo da morte. A resposta veio em tom de verso, mostrando que além de poeta era um grande improvisador:


"Cachingando, cego e surdo,
sem ver e sem estar ouvindo
pra mim não é absurdo.
Vou meu caminho seguindo.

Nunca pensei em morrer.
Quem morre cumpre um dever.
Quando chegar o meu fim 
eu sei que a terra me come,
mas fica vivo o meu nome
para os que gostam de mim".


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