Segue abaixo um breve relato de um colega Agrônomo que esteve em Teresópolis na última quinta-feira:
O que APRENDI em Teresópolis-RJ.
"Amigos, cheguei em (13/Jan/2011 - 5ª feira as 22:50hs) em Teresópolis, chovendo, chuva miuda mais intermitente, em um terreno que já está encharcado, imaginem...A área central de Terê está tudo normal, lojas, bancos, restaurantes, tudo funcionando normalmente.
Porém na periferia indo em direção a Petrópolis o mundo acabou para muitas famílias. Graças ao bom DEUS não me deparei com nenhum corpo ou gente morta.
Na 6ª feira saimos bem cedo da pousada, eram umas 05:00hs, as padarias ainda estavam fechadas, para podermos tomar café da manhã e seguirmos para a 'Região do Caleme'.
No quarteirão da delegacia, que está interditado ao trânsito de veículos, funciona o IML e está constantemente lotado de pessoas procurando informações.
O ginásio de esportes principal da cidade está cheio de pessoas, cada uma com sua história e cada uma pior do que a outra, pessoas que perderam tudo, mas tudo mesmo, a esposa, os filhos, os pais, a casa, a esperança e a vontade de viver.....
Fui para Teresópolis, de surpresa sem esperar, não levei roupas, nem coisas básicas como escova de dentes, mas o que mais senti falta, foi da minha máquina fotográfica para poder registrar as coisas que vi.
Conversei com moradores do Caleme e eles me informaram que tudo aquilo aconteceu entre 02 e 03:00 hs da manhã, horário em que todos estavam em suas casas dormindo.
A força das águas é brutal, carros retorcidos, casas cortadas ao meio e levadas, casas inteiras, carros, pessoas e animais que 'd e s a p a r e c e r a m'.
A ex-rua onde eu passei estava totalmente coberta por areia lavada de rio com +/- 1,5 metros de altura do ex-piso que era de paralelepipedo.
Parti por entre aquele vai e vem de pessoas que chegavam para ajudar e aquelas que saiam levando o pouco que sobrou e comentei com o pessoal da equipe de reportagem, "vou sair por aí para ver, até onde o meu coração aguentar", pois eu ainda tinha um bom tempo, porque o JH só iria entrar no ar dali a umas 3 horas.
Segui montanha acima vendo o trabalho de voluntários e bombeiros, ali naquele momento, não existem pobres e ricos, doutores e peões, são todos pessoas que querem ajudar, apesar de vermos também pessoas mal intencionadas que roubam o pouco que sobrou das pessoas que abandonaram suas casas com seus filhos, fugindo do terror.
Mas também há coisas maravilhosas, solidariedade.
Após chegar a parte mais alta em que pude chegar, onde alguns moradores aproveitando os troncos de árvores que desceram da montanha e foram trazidos pela enxurrada, faziam uma ponte ou pinguela para dar acesso ao outro lado do rio. Visto isto comecei a descer, porém derrepente uns 15 metros abaixo, um portão se abre a minha frente e duas moradoras me dão um prato fundo com bifes de hamburger e coxas de frango frito, quentinhos, +/- uns 10 de cada, uma sacola com pães cortados em rodelas, copos descartáveis e guardanapos, noutra sacola 4 pacotes de 1 litro de suco e me disseram isto é para vocês que estão trabalhando e nos ajudando, com tudo aquilo nas mãos, fui até aquelas pessoas que estavam tentando levantar a tal ponte e falei alto "gente vamos comer" e todos me agradeceram, aí lhes disse agradeçam aquelas senhoras, pois a doação foi delas, eu somente trouxe até vocês. E continuei no meu caminho de volta, andando até o ponto inicial de subida.
AÍ CHEGUEI A CONCLUSÃO QUE SOU UMA PESSOA FELIZ, SEM PROBLEMA ALGUM.
Pois tenho uma família ( esposa, filhos saudáveis, pais bem velhinhos com problemas de saúde inerentes da idade, algumas tias e tios, primos, etc...) um apartamento simples para morar e trabalho para retirar o sustento da família.
Alí naquele lugar senti que era um ser iluminado e rico e que deveria agradecer a DEUS por tudo que ele me deu.
Foi uma experiência única".
Agradeço ao Mauro por permitir divulgar seu relato aqui no blog.
Nesse momento temos que unir toda a solidariedade que existe para ajudar as mais de 5.000 famílias desabrigadas e rezar pelos mais de 700 guerreiros que se foram nessa tragédia.
Matéria extraída daqui.
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